Roda de conversa com pais de recém-nascidos no IFF/Fiocruz

Publicado em 14/06/2018 12h:19min.

O ciclo gravídico-puerperal, período que abarca gestação, parto e pós-parto, é uma fase na qual o casal começa a se conhecer como pais e a se preparar para um novo momento de sua vida. Enquanto a mãe se torna fragilizada e propensa a transtornos psíquicos de diferentes graus, como problemas de ansiedade e depressão pós-parto, o pai necessita de uma preparação psíquica e deve ser valorizado, pois durante a gestação, também pode apresentar sintomas típicos como, crises de vômitos, náuseas, aumento de peso, palpitações, entre outros.

Com o intuito de criar um bom relacionamento interpessoal entre o profissional e o pai, para que o homem sinta abertura para se colocar, seja ouvido e possa ser apoiado, o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), promove grupos educativos com os pais desde o pré-natal até o pós-parto.


Dinâmica realizada mães e pais no Alojamento Conjunto do IFF/Fiocruz

O nascimento do bebê implica em mudanças internas para o pai. Por isso mesmo, em todo o processo, diálogo, compreensão, acolhimento e apoio um ao outro contribuem diretamente para que ambos possam lidar bem com a situação e para evitar dificuldades que atrapalhem a formação do bebê, assim como a relação com ele após o nascimento. Leonardo Duarte da Silva está radiante com o seu primeiro filho. “Só quem passa por essa experiência sabe. Acompanhei o parto, participei dos grupos educativos e estou seguro com as informações que recebi. É um bom aprendizado e estou conseguindo apoiar nos cuidados, como banho, curativo do umbigo e amamentação, e me sentindo preparado para ajudar após a alta”, afirmou ele.

Outro pai que também fez pré-natal no Instituto e participou dos grupos educativos foi Rickson Delatorre, que destacou a importância da participação do pai no parto humanizado e no Alojamento Conjunto, e ressaltou a qualidade dos serviços do IFF/Fiocruz. “Minha companheira teve uma gravidez de risco, mas deu tudo certo, a equipe multiprofissional acompanhou de perto, recebemos uma excelente assistência até o final e já estou indicando para os conhecidos”, comentou ele.

Segundo a enfermeira e consultora de aleitamento materno do IFF/Fiocruz Nina Aurora Mello Savoldi, as rodas de conversa são essenciais, pois nelas são abordados temas trazidos pelos próprios pais e todos participam, havendo troca de experiências. Nesse momento, são esclarecidas dúvidas e mitos, seguindo uma metodologia pautada no trabalho do educador Paulo Freire. Em um desses encontros, a paciente Maria Juliana Oba elogiou o desempenho do marido Fernando Oba: “No meu parto, apesar de ser cesariana, o pai também pôde participar e foi muito importante até para ele presenciar o bebê pele a pele no peito, na sala de parto. Foi emocionante ter a família reunida! No dia a dia, ele tem me ajudado bastante nos cuidados com o bebê. Se não tivesse o alojamento conjunto, seria bem difícil por não ter o pai perto. Já vamos chegar em casa colocando em prática, pois todas as trocas de fraldas praticamente foram feitas por ele, curativo do umbigo é ele que faz sempre e faz questão de fazer e, como ele sabe a importância da amamentação, tem me estimulado bastante nesse ponto também”, alegou ela.

Feliz com a chegada do primogênito, Fernando desabafou que ele e a esposa tinham receio de utilizar o serviço público, mas, durante todo o atendimento no Instituto, constataram que é completamente diferente do que imaginaram, pois puderam contar com o apoio de profissionais competentes e preocupados com o bem-estar da mãe e do bebê, além da boa alimentação para mãe e acompanhante, e declarou que foi uma surpresa satisfatória. “Quando tem uma estrutura que funciona e profissionais competentes, fica tudo mais fácil. Eu não me imaginava fazendo as tarefas de pai e agora já estou até com prática, pois toda hora sou orientado de como deve ser feito. Verifiquei que aqui é um hospital amigo da criança e da mulher, que tem as boas práticas, superou as minhas expectativas”, finalizou ele.

Pai que apoia amamenta

Os primeiros movimentos do bebê, desde a gestação, são considerados como uma etapa central para o pai, pois permitem que ele sinta que seu bebê é real e está vivo. Quando nasce, pais e bebê estão aprendendo a se conhecer e a amamentação é vista como a primeira troca entre mãe e filho, da qual é importante que o pai participe, apoiando para que seja bem-sucedida. Com esse objetivo, o Comitê de Aleitamento Materno do IFF/Fiocruz adaptou “Os dez passos para a participação efetiva do pai na amamentação”:

  1. Encoraje e incentive sua mulher a amamentar: por vezes, ela pode estar insegura de sua capacidade para o aleitamento. Seu apoio é fundamental nessas horas;
  2. Divida e compartilhe as mamas de sua mulher com o bebê: mesmo que seja difícil aceitar, lembre-se que a amamentação é um período passageiro. Dê prioridade a seu filho(a);
  3. Sempre que possível, participe do momento da amamentação: sua presença, carícias e toques durante o ato de amamentar são fatores importantes para a manutenção do vínculo afetivo do trinômio mãe + filho + pai;
  4. Seja paciente e compreensivo: no período de amamentação é pouco provável que sua mulher possa manter a casa, as refeições e se arrumar de forma impecável. As necessidades do recém-nascido são prioridades nessa fase;
  5. Sinta-se útil durante o período da amamentação: coopere nas tarefas do bebê na medida do possível, como trocar fraldas, ajudar no banho, vestir, embalar, entre outras;
    Pai sendo orientado na hora do banho do bebê
     
  6. Mantenha-se sereno: embora o aleitamento traga muitas alegrias, também traz dificuldades e cansaço. Às vezes, sua mulher pode ficar impaciente. Mostre carinho e compreensão nesse momento. Evite brigas desnecessárias para não prejudicar psicologicamente a secreção do leite;
  7. Procure dar mais atenção aos outros filhos (se os tiver) para que não se sintam rejeitados com a chegada do novo irmão. Isso permitirá a sua mulher dedicar-se mais ao recém-nascido;
  8. Mantenha o hábito de acariciar as mamas de sua mulher, se você costumava fazê-lo. Estudos demonstram que, quanto mais uma mulher é sensível às carícias do companheiro, mais reagirá à estimulação rítmica de seu bebê;
  9. Fique atento às variações do apetite sexual de sua mulher durante a amamentação. Algumas reagem para mais, outras para menos, são alterações normais. Essa é uma ocasião de vivenciar novas experiências e hábitos, adaptando-se ao momento;
  10. Não traga para casa latas de leite, mamadeiras e chupetas. O sucesso desse período depende, em grande parte, de sua atitude. O aleitamento materno, exclusivo até os 6 meses e complementado até 2 anos, seu carinho e apoio são tudo que seu bebê necessita para crescer inteligente e saudável.


Pais colocam em prática o conhecimento adquirido na dinâmica

Extraído de: IFFFiocruz