Publicado em 04/08/2021 12h:39min.
Webinar abordou o tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno “Proteger a Amamentação: Uma Responsabilidade de Todos”
O Ministério de Saúde Pública (MSP) do Equador realizou ontem, 3 de agosto, um encontro virtual para debater os diversos aspectos envolvidos na proteção, promoção e suporte à amamentação, em celebração à Semana Mundial de Aleitamento Materno. Estavam presentes representantes do MSP, instituições de saúde e da sociedade civil. A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR) apresentou sua experiência no enfrentamento da pandemia de Covid-19.
A Organização Mundial da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida da criança e complementar até os dois anos. Os inúmeros estudos que mostram as vantagens dessa prática ainda encontram desafios quando trazidos às realidades social e das instituições de saúde, reforçando a relevância do tema da Smam 2021 “Proteger a Amamentação: Uma Responsabilidade de Todos”.
“Muitas das capacitações em amamentação se concentram no profissional de saúde, quando, na realidade, o que há que se buscar é que a consciência social aumente ao redor da amamentação”, ressaltou a diretora da Universidade San Francisco de Quito, María del Carmen Gangotena, que fez uma apresentação sobra a importância da amamentação na primeira hora de vida do bebê.
Esses cuidados, de acordo com Gangotena, merecem atenção especial devido também à formação do vínculo com a mãe, pois é um período em que o bebê está mais receptivo a receber os estímulos e benefícios dessa prática fundamental e que constitui um direito humano. “Deve ser facilitado o contato pele com pele e o apego imediato desde o momento zero de vida e, pelo menos, o manter na primeira hora ou uma hora e meia”, explicou.
As políticas e ações de apoio ao aleitamento materno do MSP têm sido desenvolvidas para garantir que esse direito seja exercido. O diretor nacional de Promoção da Saúde do MSP, Francisco Vallejo, apresentou que o Equador conta com salas de apoio à amamentação desde 2019 e que há mais de 12 mil em atividade em 2021. Além disso, 65 salas de coleta de leite humano já beneficiaram mais de 1.3 mil mães.
O MSP ainda planeja implementar Postos de Coleta de Leite Humano nas regiões periféricas aos BLHs, que já são nove no País, aumentando assim a quantidade de leite humano coletado para atender a 100% da demanda dos prematuros e recém-nascidos de baixo peso que necessitam. Possibilitar o aleitamento materno se estende à regulamentação de salas de apoio às mães lactantes nos setores público e privado e parceiros.
No mundo, ações em prol do aleitamento materno foram impactadas pela pandemia de Covid-19 e a experiencia da rBLH-BR no enfrentamento desse momento difícil para o mundo foi apresentada pela coordenadora do Centro de Referência Nacional da rBLH-BR, Danielle Aparecida da Silva. Nos dois países, os primeiros casos surgiram na mesma época, fim de fevereiro e início de março de 2020.
Danielle Aparecida da Silva apresentou os esforços da rBLH-BR que resultaram no aumento do leite humano coletado em 2020
“Penso que sentimos a mesma coisa: as dúvidas, o medo e, principalmente, as pessoas que trabalham com aleitamento materno e BLHs pensaram: O que vamos fazer? Como é o comportamento desse vírus sobre o aleitamento materno, sobre as crianças, sobre o nosso trabalho?”, explicou.
A coordenadora apresentou o conjunto de respostas técnicas dado pela rBLH-BR frente aos primeiros desafios, quando ainda havia poucos estudos sobre o tema. “Nesse momento, todas as pessoas que trabalham em BLHs, médicos, enfermeiros, técnicos, nutricionistas; se uniram para discutir o que fazer e como seria, frente às poucas evidências científicas”, explicou.
O resultado das reuniões e revisões das normas técnicas foi o depositório “rBLH enfrentando a Covid-19”, com resoluções técnicas e estudos que saiam e saem sobre o tema e formam uma fonte técnica e científica construída e atualizada em tempo real. Aliada à ciência, o uso das tecnologias da informação e comunicação garantiram a continuidade do atendimento e aconselhamento às mães e do incentivo à doação de leite humano.
O esforço multi e interdisciplinar mostrou que amamentar seguia seguro e recomendado, seguindo os protocolos de segurança e higiene. “Os BLHs têm 40 anos de história no Brasil e passaram por epidemias de Dengue, Aids, Chikungunya, Zica; então nossos procedimentos sempre foram embasados em boas práticas do manejo clínico da amamentação, embasados em boas práticas do manejo do leite humano, onde sempre tivemos um alto padrão higiênico”, ressaltou.
A comunicação junto à sociedade foi uma ferramenta importante utilizada durante a pandemia, principalmente nas datas comemorativas do Dia Mundial de Doação de Leite Humano e a Semana Mundial da Amamentação. Virtualmente, a rBLH-BR realizou eventos e se reinventou para levar mensagens e informações necessárias à sociedade, somando as redes sociais aos seus aliados.
Os esforços resultaram no aumento do leite humano coletado no Brasil em 2020, comparado com 2019. Para Danielle da Silva, fruto da corrente de confiança construída entre os profissionais da rBLH-BR e com doadoras e mães dos bebês receptores.
Para dar continuidade ao tema do Dia Mundial de Doação de Leite Humano 2021, será planejado um encontro entre Brasil e Equador para discutir a pergunta que segue em aberto “O que podemos fazer a mais?”.
O evento também contou com a abertura da ministra de Saúde Pública, Ximena Garzón Villalba, e apresentações de Ramiro Moya, médico nutricionista do Hospital Gíneco Obstétrico “Isidro Ayora” (Dificuldade no manejo da amamentação em crianças recém-nascidas); e Liz Obregón, líder da Liga de la Leche Internacional (Assessoria em amamentação com foco em grupos de apoio à amamentação). A trasmissão ao vivo foi feita pelo canal MSP no YouTube.