Pará - Usuários valorizam atendimento no Banco de Leite Humano da Santa Casa

Publicado em 09/12/2019 11h:10min.

O desabafo numa rede social de uma mãe que conseguiu voltar a amamentar a filha. “Viva o Sistema Único de Saúde!! Na quarta feira, tive uma complicação com uma das mamas. Eis que um anjo me disse, ‘procura o Banco de Leite’... e fui atrás. Minha salvação! Encontrei na Santa Casa de Misericórdia do Pará um atendimento humanizado, focaram no meu bem estar e da minha filha... aproveitando divulgo o contato do banco de leite..."

Quem publicou foi Daniela Soares, mãe de Sara, de três meses. Além de ser uma fofura, a bebê tem uma saúde de ferro. Afinal, os pais, Daniela e Jean, são de primeira viagem, mas sabem da importância do aleitamento materno, e, por isso, optaram pela dieta exclusiva para a filha.

Mas, de uma hora pra outra, a farmacêutica tomou um susto: não conseguia amamentar a filha. “Foi num dia que coincidiu com a semana da vacinação, ela mamou menos, eu a coloquei para dormir, quando fui deitar, meu seio estava imenso, e passei a madrugada tentando tirar o leite, mas não conseguia. E ele foi aumentando e nada de sair leite, fiquei tão desesperada, que bloqueei, não sabia o que fazer”, relata a mãe.

O casal recebeu a sugestão de procurar o Banco de Leite Humano da Santa Casa de Misericórdia. Lá, eles se surpreenderam com a existência da Sala de Apoio à Amamentação, um espaço onde mães recebem o auxílio de profissionais capacitados. Foi ali, que ela descobriu que estava com os ductos mamários entupidos. “Pensava que o Banco de leite era só a coleta de leite doado. Eu não sabia que existia essa assistência ambulatorial às mães. E ainda um serviço ‘porta-aberta’, que atende qualquer mãe em caso de emergência. Nossa, foi ótimo!”

Daniela Soares e Jean Silva pais da Sara. 

 

Cynara Souza, nutricionista neonatal e gerente do Banco de Leite, explica que o serviço tem quatro pilares, o de promoção, apoio e incentivo ao aleitamento materno; o controle de qualidade; a assistência nutricional; e a educação continuada. “Mas o trabalho nesta sala de apoio atende o pilar da promoção. As mães são orientadas na questão da higiene, da conservação do leite, a questão do manejo clínico da lactação, da extração sem machucar as mamas”, afirma Cynara.

Sensibilidade - A nutricionista também reforça que a amamentação não é só importante por oferecer todos os nutrientes e proteção para o bebê. O gesto de amor também é importante no que diz respeito “ao aspecto neuropsicomotor da criança, assim como o contato próximo com a mãe neste processo, o mais ideal” para ambos. E para essa fase especial não se tornar um pesadelo, é necessário ter orientações repassadas por profissionais especializados.

Cynara Souza, nutricionista neonatal e gerente do Banco de Leite.

 

A equipe de saúde do Banco de Leite da Santa Casa possui habilidades para atender de forma humanizada as pacientes, entendendo como cada mãe se sente nessa situação. Na Sala de Apoio, mães são ouvidas, em seguida, vestem camisa, touca e máscaras hospitalares, aprendem a extrair o leite das próprias mamas de forma manual. Para ajudar ainda mais neste atendimento, os profissionais usam uma linguagem simples para passar as informações de forma adequada.Materiais lúdicos também auxiliam a explicação, tais como um painel com imagens, um avental com mamas de esponja, um boneco imitando um bebê e uma ‘mama’ feita de tecido para mostrar as estruturas internas do seio.

O Banco de Leite possui 209 mulheres doadoras. 

 

Itanilde Pimentel, de 22 anos, recebeu o apoio de uma técnica de enfermagem que fazia massagem na mama dela e ensinava a ordenha. A jovem de Baião, nordeste do Estado, chegou ao Hospital ainda muito abalada emocionalmente. A filha Sophia, de 4 dias de nascida, ainda não tinha se alimentado direito.

“Ela não consegue pegar o peito. treme o queixinho dela. Eu não sei tirar. Eu não tenho mãe, perdi quando tinha 10 anos”, disse Itanilde, chorando.

“Agora ela não está sozinha. Aqui nós acolhemos as mães”, falou Valquíria do Espírito Santo, a técnica em enfermagem que a auxiliava.  

O acolhimento que as mães encontram ali é o colo que elas precisavam ter antes de voltar a amamentar os filhos. Daniela, mãe de Sara, também conta que chegou muito abatida na sala e foi acalentada com o apoio que encontrou.

“Eu passei mal, caiu minha pressão. Como quase desmaiei, fui levada pra uma sala onde me estabilizaram. Também tranquilizaram meu marido, que carregava nossa filha no momento. Depois, voltei pra sala de apoio recebi todas as orientações. Ficamos umas duas horas lá sendo assistidos em todo momento, até eu conseguir dar mama para a Sara”, disse Daniela.

Passado o susto, e com a felicidade de voltar a amamentar a filha, Daniela se sentiu muito grata e decidiu, espontaneamente, divulgar o trabalho do Banco de leite. "Muita gente comentou, curtiu. As pessoas procuram saber como é que foi, como funciona. Eu acho que as mães precisam saber que temos esse serviço, que é maravilhoso e gratuito”. 

Itanilde Pimentel, 22 anos, e a técnica de enfermagem Valquíria do Espírito Santo

 

Números - O Banco de leite Humano (BLH) atende o público interno e externo da Santa Casa de Misericórdia. Atualmente, possui 209 mulheres doadoras de leite materno. Em 2019, foram feitas 528 visitas domiciliares por mês, arrecadando uma média mensal de 267 litros de leite humano. Desse quantitativo, 232 litros puderam ser distribuídos.

O leite humano arrecadado atende uma média de 49% das necessidades dos bebês internados nas UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) e UCIs ( Unidade de Cuidados Intermediários) da Neonatologia. Somente no mês de novembro, foram consumidos 152,7 litros de leite, pelos prematuros internados na Santa Casa.

Materiais lúdicos também auxiliam a orientação

 

Por Jackie Carrera (SECOM)

Fonte: Agência Pará