Publicado em 17/11/2020 08h:23min.
Política pública é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento do prematuro
O Ministério da Saúde, por meio da Coordenação de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (COCAM/DAPES/SAPS/MS), deu início ontem (16) à “Semana de prevenção da Prematuridade – Juntos pelos prematuros. Cuidando do futuro”, em celebração ao Novembro Roxo. O tema de abertura da série de encontros virtuais foi o Webinário Nacional sobre o Método Canguru: 20 anos de Política Pública e Semana de Prevenção da Prematuridade.
Janini Ginani, coordenadora da Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, conduziu o encontro, que reuniu profissionais e gestores que estudam, promovem e conscientizam sobre o Método Canguru e a sua importância para o crescimento e o desenvolvimento do prematuro em todo o Brasil.
Em 2019, o Método Canguru completou 20 anos. Segundo Janini, a ação foi uma precursora da humanização no Sistema Único de Saúde e que esse conceito, quando se trata de políticas públicas, deve resultar na mudança das práticas, na transformação do ambiente, dos serviços de saúde e gerar uma melhoria na qualidade de vida das pessoas.
“O método canguru transformou muito além da assistência neonatal, muito além das unidades de cuidados intensivos canguru. Ele rompe diariamente com essa segmentação por área de conhecimento. A gente está presente na atenção especializada, na atenção primária, em todos esses níveis. O método canguru também rompe com a questão das especialidades, então, está amplamente focado na transformação da cultura e do modo de fazer cuidado”, disse. Para ela, além das evidências técnicas e científicas, é uma política pública que funciona, e transforma cada um que entra em contato.
O desenvolvimento do método nas unidades neonatais tem o objetivo de humanizar o atendimento a bebês prematuros, proporcionando o contato pele a pele, a interação com os pais mesmo durante os cuidados especializados, realizados por profissionais de saúde. “É uma atenção humanizada, mas não só para os recém-nascidos, mas também para nós gestores e profissionais de saúde”, explicou Luiza Geaquinto Machado, do grupo gestor do Método Canguru (COCAM/DAPES/SAPS/MS).
A realização do encontro virtual foi uma forma de celebrar os 20 anos do método e no mês voltado à conscientização sobre a prematuridade, com muitas das pessoas que começaram o método canguru no Brasil, em 1999. “Nós tivemos a honra e o privilégio de participar da elaboração da primeira nota técnica e de seguir juntos até hoje, 20 anos depois”, contou Zeni Lamy, pediatra neonatologista e professora da Universidade Federal do Maranhão.
A pediatra neonatologista e coordenadora do Centro Nacional de Referência – Rio de Janeiro, Nicole Gianini, ressaltou a relevância das duas décadas da política pública e a reunião desses atores. “Esse grupo, do qual eu faço parte desde a primeira reunião, em junho de 1999, sempre foi ligado ao Ministério da Saúde e isso é motivo de muito orgulho, porque foi esse grupo que desenhou esse processo de trabalho absolutamente alicerçado na evidência científica e inquestionavelmente vital para a saúde dos bebês”, disse.
O encontro também foi uma oportunidade de dar início à semana de reflexão, discussão e avaliação sobre a prematuridade e as ações que são realizadas sobre um tema tão sensível, já que a taxa de nascimento pré-termo no Brasil é de cerca de 12%, acima da médica mundial (10%). No mundo, há cerca de um milhão de óbitos de bebês prematuros por ano.
A coordenadora do Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (IFF/Fiocruz), Maria Gomes, falou sobre o protagonismo nacional e como o Método Canguru no Brasil é uma ação inovadora. “No Brasil, o método canguru tem uma abordagem, concepção de base absolutamente ampla, para muito além da posição canguru, chegando inclusive a ser alicerce para vários dos aspectos do cuidado neonatal como um todo”, explicou.
“Eu fico muito feliz, muito honrada, de também hoje, em 2020, poder constatar que essa construção é cada vez mais sólida nas ações e iniciativas do Ministério da Saúde, e que estão agregadas no grande movimento de qualificação do cuidado neonatal no Brasil, com o nome de Qualineo”, celebrou Gomes.
O evento também contou com a participação dos coordenadores dos Centros Nacionais de Referência do Método Canguru Geisy Lima, coordenadora da unidade neonatal do IMIP e professora da Universidade Federal de Pernambuco; Sérgio Marba, professor da Universidade Estadual de Campinas; Patrícia Marques, médica neonatologista e consultora do Método Canguru (Representando Marynéa Silva do Vale, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão); Zaira Custódio, psicóloga e coordenadora em Florianópolis; Vanessa Leandro, médica neonatologista do Hospital Geral de Itapecerica da Serra, São Paulo.
As apresentações que ocorreram contemplaram um panorama histórico da política pública no Brasil e abordaram os temas: “O Método Canguru no Brasil hoje: 20 anos de Política Pública” (Zeny Lamy), “Articulações entre as diferentes esferas de gestão para a disseminação do Método Canguru” (Luiza Geaquinto), “Parceria com a sociedade civil: Ações voltadas para a prevenção da prematuridade” (Denise Suguitani e Aline Hennemann, diretoras executivas da Associação Brasileira de Pais e Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com) e “Série histórica do Monitoramento do MC no Brasil: o que aprendemos?” (Sérgio Marba).
Para assistir o Encontro Nacional sobre o Método Canguru na íntegra, acesse o Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (IFF/Fiocruz).
Confira os demais eventos que ocorrerão na semana: