Novembro Roxo – IFF apresenta estudo sobre taxa de aleitamento materno de recém-nascidos prematuros

Dados englobam a prevalência nos primeiros seis meses de vida de bebês do IFF/Fiocruz e são parte de tese de doutorado

O II Seminário Novembro Roxo, realizado pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), trouxe, no dia 19 de novembro, a webpalestra “Prevalência e duração do aleitamento materno exclusivo de recém-nascidos prematuros nos primeiros seis meses de vida: Resultados de uma coorte prospectiva no IFF/Fiocruz”. Trabalho resultado da tese de Doutorado da enfermeira pediátrica e coordenadora da Assistência em Aleitamento Materno do Banco de Leite Humano do IFF, Maíra Domingues.

Realizado com bebês nascidos no IFF ou transferido até os sete dias de vida, a tese investigou os padrões e os determinantes da prática de aleitamento materno exclusivo (AME) nos primeiros seis meses de vida, de crianças nascidas em uma instituição de referência nacional para alto risco fetal, neonatal e infantil. A coleta de dados se deu em três momentos: após o nascimento, na primeira consulta após a alta hospitalar e entrevistas mensais até o sexto mês.

No mundo, nascem 15 milhões de recém-nascidos por ano. Segundo a Unicef, a taxa de mortalidade em crianças menores de cinco anos é maior entre as que não completaram um mês de vida, sendo que grande parte dessas mortes neonatais é evitável ou tratável. O aleitamento materno é uma das intervenções e com impacto positivo na sobrevivência neonatal e na vida da criança, com extensão à vida adulta. A OMS recomenda que toda criança seja amentada exclusivamente até os seis meses de vida. No Brasil, essa taxe é de cerca de 45%.

Dados obtidos mostraram que 93% das mães relataram desejo de amamentar e a prevalência geral de AME na alta hospitalar foi de 65,2% e, entre os prematuros, de 40%. O aleitamento materno complementado nos prematuros teve uma taxa de cerca de 38%.

Um dos fatores encontrados para esses resultados foi o tempo de internação hospitalar do recém-nascido, que se mostrou um determinante importante para o aleitamento materno exclusivo. Quanto mais tempo o bebê fica internado, menores as chances de um prolongamento do tempo de AME. Maíra explicou que “o tempo mediano da internação hospitalar aumenta gradualmente do aleitamento materno exclusivo para a prática de não aleitamento materno. E isso se repete no terceiro e no sexto mês, mostrando o quanto o tempo de internação hospitalar é um determinante importante para esse desfecho”.

O estudo desenvolvido pela coordenadora separou os recém-nascidos em três grupamentos: neonatos saudáveis e nascidos a termo, grupo de risco 1 (malformação congênita, síndrome genética e morbidades perinatais) e grupo de risco 2 (prematuridade, baixo peso e morbidades perinatais).

A partir desse corte, a prevalência de AME no sexto mês de vida foi de 23,6% (neonatos saudáveis a termo; 10% (grupo de risco 1); e 6,1% (grupo de risco 2). Quando analisada a duração mediana de AME, tem-se 131 dias (neonatos saudáveis a termo); 74 dias (grupo de risco 1) e 52 dias (grupo de risco 2).

Para analisar se a prática alimentar era um fator importante nas taxas de AME no sexto mês de idade, foi avaliada uma amostra só com neonatos de risco (prematuros, baixo peso ou com patologias congênitas). Os recém-nascidos que estavam em AME na alta hospitalar, a mantiveram por 77 dias, já os que estavam em aleitamento materno complementado na alta hospitalar tiveram 52 dias de AME. Nesse grupo, pelo menos 80% dos bebês receberam leite humano doado do Banco de Leite Humano do IFF/Fiocruz.

O tempo de internação hospitalar aparece novamente como fator relevante quando analisada a chance de descontinuidade do AME em diferentes grupos de risco (maior tempo de internação) e neonatos saudáveis. O grupo de risco 1 tem 40% de chance maior de interromper o AME, enquanto o grupo de risco 2 chega a 111%.

Maíra explicou a importância do serviço de saúde na progressão da amamentação dos recém-nascido prematuros e a atenção que requer a prática alimentar na alta hospitalar, que prediz o AME. “Há diversos estudos fazendo esse chamado, para que esse grupo de risco consiga amamentar durante a internação hospitalar porque é essa intervenção que fez e continua fazendo parte de um elenco de estratégias para trazer uma redução da morbidade e mortalidade neonatal”, disse.

A tese foi defendida em julho de 2020 e resultou em oito artigos, um infográfico e um capítulo. A plataforma Arca Fiocruz irá disponibilizá-la na íntegra no primeiro trimestre de 2021.

O II Seminário Novembro Roxo ocorreu nos dias 18 e 19 de novembro está disponível no canal do YouTube do IFF/Fiocruz. Confira a programação completa: