Novembro Roxo - Dia Mundial da Prematuridade é celebrado virtualmente

Publicado em 17/11/2020 17h:33min.

Trajetória da rBLH-BR foi apresentada em evento da ONG Prematuridades.com

“Ter a capacidade de olhar para o outro, perceber a necessidade do outro e construir soluções na perspectiva desse outro”. Assim coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR), João Aprígio, definiu como foi desenvolvido o modelo brasileiro reconhecido internacionalmente. No Dia Mundial da Prematuridade, 17 de novembro, João participou do evento virtual Leite materno: uma chance de vida para os prematuros e compartilhou a história da rBLH-BR com a Associação Brasileira de Pais de Bebês Prematuros, a ONG Prematuridade.com.

Denise Suguitani, diretora executiva da ONG relembrou a importância da data para dar visibilidade ao tema. “É um dia para a gente falar muito sobre todas as questões que circundam o parto prematuro, causas, consequências, fazer alerta, chamar atenção; mas também comemorar. Vamos celebrar a vida dos bebês prematuros, as conquistas que a gente tem tido nos últimos anos nos avanços do cuidado, da parte técnico-científica, dos direitos das famílias”, ressaltou Denise.

O trabalho dos BLHs é uma importante ação em prol da saúde neonatal. Segundo Aprigio, a proposta do BLH vai além de coleta e distribuição do leite materno. Ela engloba um ciclo desde o bebê prematuro na incubadora, passando pelo Método Canguru, o aleitamento pelo copinho até que seja amamentado por sua própria mãe. “Uma rede de proteção à vida”, disse.

A rBLH-BR é a primeira rede temática do Sistema Único de Saúde e “uma grande construção coletiva”, segundo o coordenador. A Rede possui um conjunto de ações voltado para o aleitamento materno, que conta com profissionais qualificados e capacitados em aleitamento materno, manejo clínico do leite humano e aconselhamento para que as mulheres amamentem e, por livre e espontânea vontade, doem seu leite. Essas ações incluem também o apoio à mãe cujo bebê prematuro está na UTI, para ajudá-la no processo de resgatar a lactação.

O compromisso com o aleitamento materno está na base de formação dos primeiros BLHs do Brasil. “O Brasil começa a despertar para ações de aleitamento materno em 1981, como uma ação estratégica do Ministério da Saúde, para que o aleitamento materno pudesse ser uma prática social. No bojo dessas ações, surge o BLH”, explicou.

Um fator fundamental para que fosse possível desenvolver um modelo genuinamente brasileiro foi a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma casa de ciência, inovação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico. De acordo com o coordenador, são 35 anos de investimentos em diferentes setores de atuação do BLHs, da tecnologia à informação.

“Chegamos a um conjunto de técnicas, procedimentos e metodologias extremamente simples e de baixíssimo custo, eficientes, eficazes; que nos permitiram identificar o leite como a maior biodisponibilidade de cálcio, com uma maior quantidade de calorias, e assim conseguimos ir melhorando o resultado clínico dos bebês que consumiam leite materno”, explicou.

Para que todos os benefícios do leite humano cheguem à criança, João explicou que foi preciso entender que era necessário chegar também no entorno da mãe, na família. A compreensão desse aspecto fez com que o serviço de aconselhamento familiar fosse uma ação inovadora dos BLHs do Brasil.

Se o recém-nascido e o prematuro são o grande objetivo da rBLH-BR, Aprigio revela que a mulher é a protagonista: “É a mulher mãe que amamenta e doa o excedente que é a protagonista dessa cena. Nós temos um universo de mulheres que trabalha de forma efetiva e expressiva para o sucesso que se alcança nessa Rede de BLH”.

Para o futuro, Aprigio destacou dois desafios: desenvolver estratégias e modelos operacionais de maior amplitude, como o matriciamento, por exemplo; e aperfeiçoar os canais de comunicação e as estratégias comunicacionais com as mulheres. “São elas que amamentam, são elas que doam e são elas que são as mães dos bebês prematuros”, completou.

O evento foi transmitido ao vivo pelos canais do Facebook e do YouTube da ONG Prematuridade.com e estão disponíveis.