Há 30 anos, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) vem ampliando sua atuação no salvamento de vidas. Nesse período, além das operações pontuais de atendimento a chamados de socorro, acidentes de trânsito e queimadas, os servidores voltaram os olhos para o chamado de bebês recém-nascidos cujas mães têm dificuldade em amamentar. Com nove equipes distribuídas em pontos estratégicos, os militares fazem diariamente o recolhimento de leite materno nas residências de doadoras cadastradas em 12 bancos de coleta do Distrito Federal.
“Se não fossem os bombeiros, talvez não tivesse tantas doações, porque não é só tirar o leite: tem de armazenar e depois levar até o hospital, em condições adequadas de transporte”, explica Josemara Ferreira da Silva, doadora.
Moradora de Samambaia Sul, Josemara teve Maria Júlia há quatro meses e, desde então, contribui semanalmente com três a quatro frascos de 300 ml cada. “Além da bebê, tenho dois meninos adolescentes”, conta. “Sou eu quem cuida da casa e das crianças. Certamente, se eu tivesse que levar o leite, minha contribuição seria bem menor.”
Moradora de Samambaia Sul, Josemara teve Maria Júlia há quatro meses e, desde então, contribui semanalmente com três a quatro frascos de 300 ml cada. “Além da bebê, tenho dois meninos adolescentes”, conta. “Sou eu quem cuida da casa e das crianças. Certamente, se eu tivesse que levar o leite, minha contribuição seria bem menor.”
Os procedimentos para a doação de leite da dona de casa ficam sempre sob a tutela de duas sargentos: Tânia Alencar e Joselita Machado, ambas veteranas na coleta domiciliar. Tânia atua nessa na função há 15 anos; Joselita, há 23. “A gente ama isso aqui”, resume Joselita. “Salvamos pequenas vidas que precisam muito desse alimento tão precioso.”
As militares vão até a casa de doadoras para receber frascos cheios e deixar outros esterilizados para coletas futuras. “Semanalmente, apenas nessa região, visitamos cerca de 100 doadoras”, contabiliza Tânia. “Cada uma, em média, doa de três a quatro vidros.” Elas atuam na área que abrange Samambaia, Recanto das Emas e Riacho Fundo.
Além do recolhimento dos frascos nas residências e da distribuição de materiais de segurança – como toucas, máscaras e vidros esterilizados –, as bombeiras dão orientações e acompanham os exames de rotina das doadoras. “Todas precisam apresentar os exames do pré-natal e, de seis em seis meses, devem repetir os exames de aids, sífilis e hepatite, para mantermos a qualidade da doação”, explica a sargento, que também é técnica em enfermagem.
A dupla lembra da necessidade de ampliar a rede de doadoras no DF. “Toda mulher que amamenta pode fazer a doação, mesmo que seja de apenas um vidro por semana”, pontua Tânia. “Muitas não sabem o quanto isso é significativo e pode ajudar na recuperação de um bebê recém-nascido que está internado.”
Toda mulher que amamenta pode fazer a doação, mesmo que seja de apenas um vidro por semana. Muitas não sabem o quanto isso é significativo e pode ajudar na recuperação de um bebê recém-nascido que está internadoSargento Tânia Alencar, do CBMDF
Interessadas em doar leite materno podem ligar para o telefone 160 e teclar a opção 4. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h; e, aos sábados, das 8h às 18h. Todas as orientações necessárias são repassadas e, num segundo momento, é agendada uma visita dos bombeiros. Quem preferir fazer a entrega pessoalmente pode se dirigir a um dos 12 bancos de leite ou a um dos dois postos de coleta da rede pública de saúde.
Solidariedade
Mãe recente, Valéria Matos é uma das doadoras de Samambaia Norte e conta que, tão logo confirmou a gravidez, decidiu contribuir com o banco de leite. “Na minha família, tive uma prima que precisou [de doação] porque o bebê era prematuro e ficou internado. Eu já tinha isso na cabeça desde o começo”, lembra.
Com orgulho, ela exibe o filho Ian, de quatro meses. “Ele não deixou de mamar – pelo contrário, quanto mais ele mama, mais eu produzo leite e posso doar. Comecei com um frasco e agora já estou doando quatro”, contabiliza.
O cuidado em manusear o precioso líquido, explica Valéria, é necessário para não colocar todo o trabalho a perder. “Escolho um cantinho da casa mais tranquilo, prendo os cabelos, lavo as mãos e os braços, coloco a máscara e, só então, vou retirar o leite. É algo trabalhoso, mas é recompensador saber que estou ajudando outro bebezinho a ter saúde e ganhar peso.”
Josemara , mãe da pequena Maria Júila /Foto: Lúcio Bernardo Jr/ Brasília
Valéria Matos (D) e o filho Ian, com as sargentos Joselita Machado e Tânia Alencar / Foto: Lúcio Bernardo Jr/ Brasília
Confira a relação de bancos de leite no DF:
Hospital das Forças Armadas (HFA) – 3966.2250
Hospital da Asa Norte (HRAN) – 3901-3060
Hospital da Asa Sul (HRAS) – 3445.7597/3445.7514
Hospital Regional de Brazlândia (HRBZ) – 2017-1300 Ramal: 3903
Hospital Regional de Ceilândia (HRC) – (61) 2017-2000 (Ramal: 3033)
Hospital Regional do Gama (HRG) – (61) 2017-1800 ramal 5319
Hospital Regional Planaltina (HRP)- (61) 2017- 1369
Hospital Regional do Paranoá (HRPA) – (61) 2017-1550, ramal 1579
Hospital Regional de Sobradinho (HRS) – (61) 2017-1204
Hospital Regional do Santa Maria (HRSM) – (61) 2017-1500 Ramal 5529/5530
Hospital Regional do Taguatinga (HRT) – (61) 2017 1700 Ramais: Secretaria (3458), Coordenação (3459), Sala de Apoio (3460)
Hospital Universitário de Brasília (HUB) – (61) 2028-5391
Posto de Coleta São Sebastião – (61) 3339-1125
Posto de Samambaia – (61) 2017-2202