No dia 17 de novembro, dia Mundial da Prematuridade, a ONG Prematuridade.com, realizou uma série de apresentações com temas de relevância para o enfrentamento e cuidados dos prematuros, apoio e orientações a suas famílias.
Um dos temas abordados nesse dia foi sobre a nutrição dos bebês prematuros. Na live “Leite Humano: estratégia que muda a vida dos bebês prematuros”, que contou com as presenças de Dr João Aprígio Almeida, coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, e a nutricionista Priscila Olin, assessora técnica na Coordenação de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do Ministério da Saúde, a voluntária Simone Saldíbia mediou um importante conversa sobre os impactos do leite humano para os prematuro.
A nutricionista Priscila Olin iniciou a conversa, mostrou um panorama da prematuridade no Brasil que, em dados recentes, apresenta 340 mil nascimentos prematuros ao ano. Explicou que o bebê prematuro possui condições muito peculiares que o distinguem do bebê nascido a termo e que exigem cuidados especiais. São algumas condições frequentemente observadas em prematuros, segundo a nutricionista Priscila Olin: imaturidade dos sistemas regulatórios e imunológicos, necessidade aumentada de alguns nutrientes, pouca reserva de carboidrato e gordura, imaturidade dos sistemas estomatognático e gastrointestinal, maior suscetibilidade a eventos estressantes, como desconforto respiratório, infecções.
Os desafios para a mãe de um bebê prematuro também foram sinalizados, que, por vezes, podem ser negligenciados pelo foco dado ao bebê pelos profissionais de saúde. Algo que deve ser reconsiderado, uma vez que o leite materno é o melhor nutriente que pode ser oferecido para o prematuro, sobretudo se esse leite for de sua própria mãe. Como a produção de leite pela mãe é influenciada por questões emocionais e não só clínicas, pode-se dimensionar a importância dos cuidados que também devem ser dedicados à mãe e à família do prematuro. A produção e destinação de leite humano da própria mãe ao prematuro traz benefícios importantes para uma melhor recuperação para esse bebê.
O leite humano é considerado o padrão ouro para toda criança até, pelo menos, os 6 (seis) primeiros meses de vida e isso se dá da mesma forma para os prematuros. Uma série de motivos quanto aos benefícios recebidos pelos prematuros quando nutridos por leite humano justificam a oferta desse alimento. Sobretudo aos prematuros, por apresentarem condições peculiares que são mais rapidamente superadas quando a eles é oferecido esse alimento.
O Dr. João Aprigio, coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano – rBLH-BR, iniciou sua fala com agradecimentos pela união de esforços entre as equipes da rBLH-BR e as do Ministério da Saúde, assim como a parceria com a ONG Prematuridade.com.
Enumerou uma ampla gama de temas e de atividades desenvolvidas pela rBLH-BR, que poderiam ser abordadas na live: leite humano como alimento funcional, os aspectos clínicos do leite humano; a dimensão imunológica e os fatores de proteção do leite humano; microbioma do leite humano; aspectos da epigenética relacionados ao leite humano; leite humano para criança a termo, para o prematuro ou para crianças em condições especiais; a atuação da rede de bancos de leite humano como casa de apoio à amamentação, onde para cada mulher doadora, 12 mulheres em aleitamento materno sem o compromisso de doar são apoiadas; milhões de atendimentos anuais realizados diretamente a mulheres em dificuldade no processo de amamentação por distintas razões, etc.
João Aprigio sinalizou a importância do matriciamento da atenção primária junto com a atuação dos Bancos de Leite Humano, que recentemente passou a ser considerado como um projeto pelo Ministério da Saúde do Brasil. Assim, a rede de atenção básica que atende as mães que amamentam de forma bem próxima ao seu local de moradia, diante de alguma dificuldade na amamentação, poderão contar com a expertise das equipes dos bancos de leite humano para acolherem, orientarem e apoiarem as mães nas situações mais complexas relacionadas à amamentação.
Acrescentou, ainda, que a rBLH-BR vai priorizar, considerando a população que porta algum tipo de deficiência, no planejamento das ações dos Bancos de Leite Humano, o aleitamento materno inclusivo. Assim, não somente mães com baixa acuidade visual, com baixa acuidade auditiva, com algum déficit intelectual mais ou menos importante, as que têm dificuldade de mobilidade, etc, mas também aquelas que são mães de recém-nascidos que nascem com alguma síndrome, que nascem com algum problema que dificultam essa relação deverão ser priorizadas no apoio à amamentação.
Afirmou que, nesse sentido, a Rede de Bancos de Leite Humano ainda tem muito que aprender, já que não tem respostas para isso no presente momento. Daí, a importância das parcerias, como a estabelecida com a ONG Prematuridade.com e a valorização da produção de conhecimento a partir de uma matriz vivencial, sobretudo de mães que vivem isso no cotidiano.
E, antes disso, a rBLH-BR, para além de sensibilizar,vai incrementar a inclusão dos profissionais de saúde no acolhimento e cuidado a mães PcDs e/ou bebês com alguma condição especial. Nesse momento, aproveitou a celebração do Dia Mundial da Prematuridade para reiterar o pedido de ajuda à ONG Prematuridade, no sentido de que a Rede de Bancos de Leite Humano precisa da ajuda para se preparar melhor para acolher e realizar seu trabalho com as mães PcDs e com os bebês com alguma condição especial para construir outras intervenções que não repitam as intervenções que foram aplicadas até hoje.
Após o anúncio dessas novas perspectivas, os representantes das instituições presentes reafirmaram a disponibilidade para os intercâmbios e aprendizagens conjuntas a partir do ano de 2024.
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