Publicado em 23/07/2019 16h:15min.
Um ancestral distante dos humanos, oAustralopithecus africanus, tinha uma abordagem única para criar seus filhotes, como mostra nossa nova pesquisa publicada na revista Nature.
A análise geoquímica de quatro dentes mostra que eles exclusivamente amamentavam bebês por cerca de 6-9 meses, antes de suplementarem o leite materno com quantidades variáveis de alimentos sólidos até os 5-6 anos de idade. O equilíbrio entre leite e alimentos sólidos nesse período variava ciclicamente, provavelmente em resposta a mudanças sazonais na disponibilidade de alimentos.
Esse conhecimento é útil em várias frentes. Do ponto de vista evolucionário, ajuda-nos a entender as adaptações biológicas e comportamentais particulares do Australopithecus africanus em comparação com outros ancestrais humanos extintos e humanos modernos.
No entanto, a amamentação por até 5-6 anos é metabolicamente cara — requer certa ingestão de calorias para a mãe lactante. O uso do leite como alimento suplementar para os descendentes mais velhos pode ter dificultado a capacidade das espécies de A. africanus de sobreviverem com êxito durante um período de mudança substancial do clima.
Talvez este modo de vida tenha acelerado a extinção de A. africanus há cerca de 2 milhões de anos.
Um hominino intrigante
O A. africanus foi descoberto pela primeira vez em 1924 pelo cientista australiano Raymond Dart, em Taung, na África do Sul, e representou o primeiro ancestral humano identificado na África. A espécie, membro da linhagem evolutiva humana, teve seus registros fósseis encontrados na África do Sul: os itens datam entre 3 e 2 milhões de anos.
Um século de escavações e pesquisas depois, Taung e outros locais da África do Sul produziram um rico registro de ancestrais humanos primitivos. Essa região é agora um Patrimônio Mundial da UNESCO conhecido como "O Berço da Humanidade".