BLH do IFF/Fiocruz comemora o Agosto Dourado

Publicado em 30/08/2018 18h:36min.

O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), comemorou na terça-feira (21/8), o Agosto Dourado, mês que simboliza a luta pelo incentivo à amamentação, tendo a cor dourada relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. Organizado pelo Banco de Leite Humano (BLH do IFF/Fiocruz) e Comitê de Aleitamento Materno do IFF/Fiocruz, o evento utilizou como tema o slogan “Amamentação é a base da vida!”, definido pela Aliança Mundial pelo Aleitamento Materno (WABA - World Alliance for Breastfeeding Action).

Responsável por conduzir o evento, a enfermeira Aricelle Ferreira dos Santos entende este período, Semana Mundial da Amamentação (de 1 a 7 de agosto) e o Agosto Dourado, como uma importante estratégia de mobilização social, para além dos muros das instituições de saúde, e que contribui para conscientizar a população e os profissionais de saúde sobre a importância do aleitamento materno para a saúde da mãe e do bebê, e os benefícios para a sociedade.


Augusta Assumpção, Aricelle Ferreira e João Aprígio disseram estar emocionados 
com as conquistas em prol do aleitamento materno

Na mesa de abertura, a gerente do BLH do IFF/Fiocruz, Danielle Aparecida da Silva, comentou que o objetivo do encontro foi de manter a chama do Agosto Dourado acesa, pois o BLH do IFF/Fiocruz é referência para outros hospitais, mães e famílias que buscam suporte. “Nós estamos comemorando todo o mês do Agosto Dourado, não apenas a Semana Mundial da Amamentação, então é um momento de festa, de reforçar a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno”, informou ela.

Com a palavra, a coordenadora do Comitê de Aleitamento Materno do IFF/Fiocruz, Augusta Assumpção, reforçou a atuação multidisciplinar do comitê dentro do Instituto. “Devido a nossa abrangência enquanto comitê capacitador e multiplicador de ações, realizamos treinamentos com profissionais de outros municípios do Estado do Rio de Janeiro. Inclusive, gostaria de convidá-los a participar do terceiro curso de 20 horas da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (Ihac), que será realizado nos dias 10 e 12 de setembro, no IFF/Fiocruz”, indicou ela.

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Na sequência, o diretor do Centro de Estudos Olinto de Oliveira, Antônio Meirelles, destacou a amamentação como um valor que deve ser preservado: “Trabalhamos com recém-nascidos com condições crônicas complexas e, aqueles que ainda são amamentados, temos todo um cuidado de encaminhar para o BLH do IFF/Fiocruz, para as mães e os bebês receberem apoio. O aleitamento materno faz parte completamente da cultura do Instituto e nós temos que levar essa cultura adiante”, afirmou ele.

Encerrando a mesa de abertura, o diretor do IFF/Fiocruz, Fabio Russomano, saudou a história do BLH do IFF/Fiocruz, ressaltando ser um exemplo consolidado, conhecido no Brasil inteiro e em grande parte do mundo, e pontou que, mesmo com as restrições do cenário atual, é necessário caminhar. “Existe uma cultura institucional de orgulho de ser IFF/Fiocruz e esse é um cenário extremamente fértil que nos faz superar as dificuldades e buscar sempre melhorias”, alegou ele.


Integrantes da mesa de abertura

O primeiro palestrante, foi o coordenador da Secretaria Executiva da Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH), João Aprígio Guerra de Almeida, militante há 33 anos na política de aleitamento materno no Brasil, país que construiu a maior e mais complexa rede de bancos de leite do mundo, com 220 unidades e 198 postos de coleta.

Com o tema “Amamentação no Século 21”, João Aprígio iniciou sua apresentação, elegendo os três principais objetivos de desenvolvimento sustentável com os quais a rBLH tem interseção direta: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável; assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades; e fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

O coordenador atentou para a marginalização que a grande massa de mulheres trabalhadoras enfrenta no mercado formal de trabalho, que mesmo sem direito à licença maternidade, conseguem realizar o processo de aleitamento materno, e para a diferenciação do leite de vaca industrializado para o leite humano. “Os valores culturais do aleitamento materno são assinalados pela cultura e pela nossa prática cotidiana. Precisamos revisitar a história da construção do conhecimento dos diferentes segmentos que estão utilizando o contexto do aleitamento como uma oportunidade de mercado para lucrar em cima do leite de vaca industrializado, quando o leite humano é o mais indicado”, frisou ele.

João Aprígio encerrou sua participação, dizendo que entende a saúde como um bem social compartilhado. Sendo assim, para ele, o que podemos fazer hoje para que o amanhã tenha uma condição mais favorável, irá depender muito da nossa capacidade de aprender com a história, conhecer, identificar os marcadores, os significados e as transformações sociais para, assim, inovar.

Trazendo a temática para a realidade do Instituto, a enfermeira do IFF/Fiocruz Karla Pontes expôs as “Atualizações das Práticas em Aleitamento Materno no IFF/Fiocruz: a busca do padrão ouro”. Segundo Karla, uma das principais dúvidas das mães é sobre o leite fraco, que não existe. “É feito um trabalho desde o pré-natal para informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno. Inclusive, existe a prática de não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica e/ou de nutricionista, e mesmo os bebês com maior complexidade, com problemas biológicos, também são estimulados para facilitar a sucção”, contou ela.

Como o Instituto é um hospital de ensino, o foco na capacitação dos profissionais é constante, e inserir o IFF/Fiocruz na proposta do projeto “Apice On: Formação, Atenção e Gestão", para aprimoramento e inovação no cuidado, foi fundamental para unir ainda mais as equipes de Neonatologia, Obstetrícia, Banco de Leite Humano, Lactário, Direção e Apoio. Possibilitou também, implementar uma nova prescrição, que já sai da sala de parto com a indicação de manter o contato pele a pele do recém-nascido com a mãe, para fortalecer o vínculo, e reforçar o comprometimento do profissional com a prática.

Para concluir, Karla apontou outras iniciativas importantes adotadas pelo Instituto, como a de não oferecer bicos artificiais ou chupetas a recém-nascidos e lactentes, além de optar em diminuir o número de leitos no alojamento conjunto e aumentar o espaço para que o pai ou acompanhante possa ficar com a mãe do bebê, acolhendo melhor a família, sendo constantemente acompanhados e orientados pela equipe multidisciplinar.

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Ao final, para conhecer mais sobre o produto leite humano para atender da melhor forma possível os bebês prematuros que estão impossibilitados de ir diretamente ao seio materno, a nutricionista e coordenadora do BLH da Maternidade Escola, Vania Trinta, apresentou os resultados de sua tese de mestrado “Os micronutrientes presentes no leite humano”. Vania informou que, o impacto da nutrição com o leite humano no início da vida, vai influenciar o bebê a ter uma melhor qualidade de vida na idade adulta. “O melhor aproveitamento dos micronutrientes presentes no leite humano é devido a associações que os minerais fazem com as proteínas e outras moléculas presentes nele, o que é diferente quando trabalhamos com leite industrializado, onde é necessário acrescentar o mineral”, explicou ela.

De acordo com a nutricionista, tendo em vista que, o leite materno confere suporte à demanda nutricional destes micronutrientes e favorece os processos imunológicos e antioxidantes, pois o bebê que é amamentado exclusivamente tem o menor risco de desenvolver anemia, recomenda-se seu uso como recurso terapêutico para nutrição e adaptação do prematuro ao meio extrauterino. “Pelas vantagens classicamente descritas na literatura e pela oferta de ferro, cobre, zinco e iodo em quantidades adequadas e em espécies que favorecem sua biodisponibilidade, o leite materno se apresenta como um alimento seguro e adequado, e é a melhor alternativa de nutrição”, finalizou ela.


Palestrantes e profissionais do IFF/Fiocruz reunidos

 


Os profissionais do Instituto comemoraram a recertificação da Iniciativa 
Hospital Amigo da Criança (IHAC)

Extraído de: IFF/Fiocruz