BLH da Argentina mostra força na comemoração do 4º aniversário do Banco de Neuquén

Publicado em 20/06/2020 00h:00min.

A Rede se reuniu virtualmente para compartilhar as conquistas e o sucesso de um trabalho desenvolvido em base comunitária, que permitiu aumentar o LH coletado durante a pandemia

Uma celebração em um momento difícil de enfrentamento dos desafios impostos pela pandemia pode se transformar em uma oportunidade de reflexão, de avaliação de tudo o que foi proposto e feito. No dia em que o Banco de Leite Humano de Neuquén, na Argentina, completa quatro anos de trabalho, todos só têm o sentimento do crescimento e aprendizado da equipe e o reconhecimento dos avanços conquistados.

A consolidação e articulação dos centros de amamentação e operação e da comunidade possibilitou o aumento do número de doações de leite humano; um crescimento constante desde 2016. O diretor provincial de Avaliação e Inovação do Ministério da Saúde e coordenador da Rede do Leite Humano de Neuquén, Martin Sapag, apresentou que o aumento histórico se estende até o momento atual. No primeiro semestre de 2020, em meio a uma pandemia, todos os recordes foram quebrados, com quase 300 litros de leite coletados. Em 2019, foram 228. Consolidou-se um modelo de trabalho solidário, responsável e organizado.

O evento foi realizado virtualmente e reuniu os diversos atores que contribuem diariamente com a doação de leite humano e que entregam um produto de qualidade aos recém-nascidos em situação de risco na província de Neuquén. Para Cinthia Ruiz, do BLH de Neuquén, esse aniversário distinto é uma forma de aplaudir todas as equipes que atuam na rede de BLHs, cada mãe doadora que compartilha seu leite e as famílias que confiam no trabalho da Rede para o tratamento do seu filho recém-nascido. O papel do BLH em uma pandemia se faz presente graças a uma equipe interdisciplinar e transdisciplinar com envolvimento comunitário.

Há 12 anos, a Argentina implantou seu primeiro BLH. De acordo com Alejandra Buiarevich, chefe do BLH Neuquén, “Temos um terreno muito fértil para continuar oferecendo este direito universal, que todas as províncias tenham seu BLH, como o Brasil há 35 anos, podemos tê-lo por muitos mais anos e em todas as províncias”.

Para o chefe do BLH Neuquén, o momento difícil da pandemia Covid-19 foi também “uma oportunidade para continuar nosso trabalho como guardiãs da amamentação". Ela ressalta que a doação de leite humano é um direito universal e de proteção às crianças, saudáveis ​​ou em situação de risco, e que todas as ações devem estar em equilíbrio com as boas práticas de higiene nos processos de extração, conservação e armazenamento.

“Nosso grande esforço é cuidar das mães doadoras, desde sua casa até chegar ao receptor”, explica Buiarevich. A atenção domiciliar, agora mais do que nunca, foi a ferramenta para coletar o leite humano, processar e distribuí-lo por toda a província, com um processo adaptado à pandemia. Para essa tarefa, foi feito um registro de contato dos operadores comunitários, enfermeiras e médicos que vão às residências para conhecer a situação das doadoras e incorporá-las a um sistema de gestão para avaliar sua rastreabilidade.

Outro ponto importante foi avaliar as condições de trabalho dos centros comunitários de coleta e amamentação; superando dificuldades, com ações extramuros e intervenção social comunitária. O trabalho da rede comunitária, Atenção Básica à Saúde, permitiu a formação de postos provinciais de coleta de leite humano. Isso ajuda na transformação necessária para adaptar as doações à nova realidade pandêmica. O conjunto de tecnologias de informação, centros de coleta e comunicação com as mães doadoras são essenciais para o enfrentamento da pandemia.

O coordenador da rBLH, João Aprigio Guerra de Almeida, foi um dos convidados e comemorou o trabalho realizado. As questões relacionadas à pandemia e as dificuldades que o momento impõe mostram o exemplo que a Argentina oferece. “Compartilhamos a mesma ideologia, os mesmos princípios, o mesmo olhar para a vida. Não falamos de uma rede de serviços de saúde, de uma rede de bancos de leite, de uma rede de doadores, receptores e ministérios. É uma rede de pessoas, de pessoas que acreditam fazer a diferença na vida de muitas outras pessoas. Pessoas que acreditam que a união é capaz de produzir mudanças importantes. Obrigado por tudo que vocês fazem pela vida dos bebês, em Neuquén, Argentina e América Latina. Um exemplo para a nossa Rede Ibero-americana e para a nossa Rede Global ", disse Aprigio.

Martin Sapag compartilhou o importante papel do Brasil na formação dos primeiros BLHs na Argentina, incluindo a formação dos primeiros mentores, que tiveram formação técnica na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O intercâmbio de conhecimentos permitiu compreender a visão dos números em seu contexto, com o enfoque sociocultural dos fenômenos que se pensam a partir dos números. Mães, bebês e profissionais não são números.

A estratégia de desenvolvimento passa pelo entendimento de que a Saúde Pública não pode enfrentar desafios sozinha e a Argentina desenvolveu seus BLHs com base em políticas públicas e financiamento; um programa planejado e articulado com a comunidade. Doadoras, centros de coleta, maternidades, unidades de atenção familiar e instituições, nos diferentes pontos da província.

Para a Sapag, a visão de coletar leite na província e encaminhá-lo a quem precisa está sendo cumprida em Neuquén. “Cobrimos 100% da demanda pública e privada em toda a província; e temos estoque para vários meses”. O sucesso do trabalho resulta no planejamento da futura construção de um prédio BLH.

O evento foi marcado pela homenagem póstuma a Carlos Posse, um importante personagem na construção das Redes Argentina, Latino-americana, Ibero-americana e mundial de Leite Humano.