Artigo científico - Biopolíticas do aleitamento materno: uma análise dos movimentos global e local e suas articulações com os discursos do desenvolvimento social

Publicado em 24/09/2018 09h:27min.

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar as articulações entre a produção das biopolíticas de amamentação e os discursos produzidos sobre desenvolvimento social após o período pós-guerra com vistas à problematização da dicotomia natureza/cultura mediante a qual a amamentação é frequentemente operada. Numa perspectiva antropológica, examinaram-se as biopolíticas de amamentação comparativamente às transformações nos discursos desenvolvimentistas.

O exame dos movimentos globais realizadas por essas biopolíticas permitiu compreender como uma rede de entidades variadas (como órgãos de governo, organismos multilaterais, agências internacionais de desenvolvimento e organizações não-governamentais) vem configurando ao longo do tempo a amamentação em conformidade com os discursos e práticas desenvolvimentistas em vigor. Inicialmente, o discurso desenvolvimentista girava em torno da industrialização e modernização, e a amamentação não era foco de atenção das políticas públicas.

Nas décadas de 1970 e 1980, quando o discurso desenvolvimentista passou a focar a desnutrição e a mortalidade infantil, têm início as primeiras biopolíticas globais de amamentação e a prática da amamentação passa a ser operada como um meio de combater tais males. Já o discurso de desenvolvimento social em jogo na contemporaneidade evoca também um processo de desenvolvimento individual.

Simultaneamente, as biopolíticas de amamentação recorrem a tecnologias variadas com este propósito. Conclui-se que os discursos desenvolvimentistas atuam como uma referência sociocultural com base na qual a amamentação é operada, o que permite dizer que a amamentação é uma prática tão natural quanto política, econômica e social.

Aleitamento Materno; Mudança Social; Política Pública

Leia o artigo na íntegra.

Extraído de: Cadernos de Saúde Pública