Laboratório de Telessaúde do IFF apresentará trabalho em congresso europeu

Publicado em 30/03/2017 18h:50min.

 

Em atividade desde 2012 no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), o único Laboratório de Telessaúde da Fundação se prepara para compartilhar com mais de 90 países uma proposta de capacitação para profissionais de saúde que lidam com câncer do colo do útero. O projeto Implantação e Monitoramento de Teleconsultoria da Rede Nacional de Especialistas em Câncer Cervical foi um dos selecionados para compor a programação de conferências da próxima edição do congresso internacional Medetel.

Considerado o principal evento da Europa na área da Telessaúde, o Medetel reunirá entre os dias 5 e 7 de abril, em Luxemburgo, especialistas do mundo inteiro. “O Medetel é um congresso da Sociedade Internacional de Telemedicina, que reúne os principais profissionais do mundo que pensam o assunto e que realizam  negócios por meio das ferramentas de tecnologia da informação e comunicação em saúde. Além de ser uma feira para conhecer novos produtos, teremos a chance de conhecer iniciativas inovadoras. É motivo de grande satisfação representar a Fiocruz entre os trabalhos que foram selecionados para apresentação. Será uma oportunidade ímpar, tanto de mostrar o nosso projeto, quanto de troca valiosa de conhecimento para a Instituição”, destacou a coordenadora do Laboratório de Telessaúde do IFF, Angélica Baptista Silva.

A data escolhida para a apresentação do IFF não poderia ser mais propícia: 7 de abril. No dia em que a atenção mundial está voltada para a saúde, Angélica Baptista, terá a oportunidade de compartilhar a proposta de utilização da teleconsultoria no enfrentamento de um grande desafio para a saúde pública: o diagnóstico precoce do câncer do colo do útero.  O câncer do colo do útero é o terceiro tumor mais frequente entre as mulheres brasileiras. No mundo, a incidência é ainda maior: trata-se da segunda neoplasia maligna mais frequente. A falha na prevenção resulta em diagnósticos do câncer cervical em fases avançadas, levando à morte cerca da metade das mulheres acometidas.

Acompanhando de perto o Grupo de Interesse Especial (SIG) do Instituto voltado para a temática e a discussão em torno da construção das Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, a coordenadora do Laboratório de Telessaúde, enxergou, nas ferramentas tecnológicas disponíveis, a oportunidade de propor um projeto de capacitação do profissional da atenção básica. “Por mais que os profissionais passem por treinamentos específicos sobre a diretriz, no dia a dia, é comum surgirem dúvidas. Com o aplicativo, qualquer profissional cadastrado na plataforma pode enviar sua questão, que será encaminhada para um dos profissionais da rede de especialistas que construiu o documento. Trata-se de um canal direto que, além de possibilitar a consolidação dos protocolos, constituirá uma janela de acesso à informação para rastreamento dos casos”, destaca Angélica Baptista.

Inicialmente pensado como um piloto para o Rio de Janeiro, a expectativa é que o projeto possa ser levado para outros estados, o que reafirma a missão do IFF. “Ações de ensino disseminadas sem limitação geográfica fazem todo o sentido no contexto do Instituto Nacional. Não só devemos contribuir na formulação das diretrizes e políticas públicas, como também podemos atuar na capacitação à distância”, ressalta o ginecologista e gerente da Área de Atenção Clínico-cirúrgica à  Mulher, que também está a frente da iniciativa, Fábio Russomano. Para ele, os benefícios vão além: “entendemos que a ferramenta possibilitará a maior interação entre os profissionais, assim como o aperfeiçoamento do fluxo das pacientes que são encaminhadas aos centros de referência, sem contar a projeção da imagem do Instituto como referência na plataforma para a qual serão encaminhadas as respostas dos especialistas”.  

A proposta é que as  respostas sejam baseadas em evidências e apresentem referências bibliográficas, seguindo assim, a metodologia da Segunda Opinião Formativa. “Trata-se de um tipo de teleconsultoria qualificada, através da qual será possível criar um compilado consistente  de perguntas e respostas sobre a temática do câncer do colo do útero que estará vinculado ao  banco de dados da Bireme, que reúne dados bibliográficos em ciências da saúde, com acesso livre e gratuito. Com isso, tornaremos possível o compartilhamento do conteúdo com outros profissionais da saúde, auxiliando-os em suas práticas diárias”, conclui Angélica.  Em fase de cadastramento dos profissionais da atenção básica, a ferramenta deve ser efetivada no segundo semestre deste ano.

Fonte: Aline Câmera (IFF/Fiocruz)